Cenário é de redução de estoques na Zona Franca de Manaus em função de paralisações na China feitas para conter o avanço do novo coronavírus. Escassez no Brasil tende a se agravar neste mês, diz o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas. A Suframa, por sua vez, afirma que ainda não é possível falar em desabastecimento.
Redução de jornada de trabalho, férias coletivas e licença remunerada são medidas que devem começar a ser adotadas neste mês pelas empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM), no Estado do Amazonas, atingindo a produção de celulares, TVs e outros eletroeletrônicos no país, por exemplo.
O cenário provocado pela paralisação de fábricas de componentes na China por conta da epidemia do novo coronavírus (Covid-19) tende a se agravar nos próximos meses. Poderá reduzir o fornecimento de produtos e gerar aumento de preços para o Dia das Mães, estimam entidades empresariais.
Quem fez o alerta foi o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco. A partir de março, empresas que estão com o estoque baixo já devem ficar sem componentes para a montagem de produtos nos segmentos de eletroeletrônicos e duas rodas.
“Os estoques estão reduzindo. E o risco de uma parada nas linhas não é pequeno e aumenta a cada semana. Não tivemos a confirmação de novos embarques vindos da China”, declarou.
Já é prevista a redução da jornada de trabalho nas empresas mais afetadas. Linhas de produção que atuam em dois turnos devem trabalhar apenas um, segundo projetou o líder empresarial.
A falta de matéria-prima na ZFM só não ocorre agora porque existem navios carregados a caminho do Brasil que saíram do país asiático antes do ano novo chinês. Segundo Périco, eles devem chegar ao Brasil nas primeiras semanas de março.
Mas ainda é cedo para temer o desabastecimento, na avaliação do superintendente Alfredo Menezes, da Suframa, autarquia vinculada ao Ministério da Economia que administra a ZFM. “Estamos mapeando e vendo o que podemos fazer e quais impactos poderão advir, se essa situação chegar a um ponto extremo”, afirmou.
EFEITO NA MÃO DE OBRA
Cerca de 85 mil trabalhadores podem ser diretamente afetados pelas medidas resultantes do desabastecimento de um dos maiores parques industriais do país. Eles representam 17% de um total de 500 mil empregos diretos gerados no polo industrial localizado no Amazonas, no Norte do país.
O setor de eletroeletrônicos detém 28% do lucro da área industrial da ZFM. Somente a produção de televisores e celulares, por exemplo, reúne em torno de 48 mil trabalhadores que podem ser afetados com a suspensão na linha de montagem.
Conforme levantamento prévio realizado pela Associação Brasileira Elétrica e Eletrônica (Abinee), ao menos 57% das fabricantes brasileiras se dizem afetadas pela crise de abastecimento de componentes causada pelo coronavírus. A doença, surgida na China, paralisou fábricas asiáticas e interrompeu as cadeias de suprimentos globais, que ainda não foram normalizadas. Ao menos 11 fábricas brasileiras, conforme a entidade, podem ter de suspender o trabalho.
Fonte: TeleSintese.